domingo, 26 de dezembro de 2010

Noite Feliz?

Quem tem crianças por perto já conviveu com a cena em que o bebê acaba de dormir e alguém desavisado fala mais alto do que deveria, pisa muito forte, aumenta o som da TV... seja lá o que for, sempre tem alguém para rapidamente avisar: “o bebê está dormindo”.
Normalmente, para permitir que a criança durma em paz, prepara-se um local gostoso, com a iluminação adequada, limpo, confortável, sem barulho. A mãe, ou quem estiver responsável, mantém sempre a atenção, velando pelo bom descanso da criança.
Nos filmes e celebrações de Natal ouvimos várias vezes o canto que narra a felicidade pela chegada do Salvador para cada um de nós, sugerindo a ele, ainda menino, que durma em paz. Fiquei pensando sobre o que temos feito para que o Menino Jesus realmente possa dormir em paz. Acho que bem pouco...
Olhamos para o presépio e podemos imaginar a atitude de respeito e adoração em que se colocam os pastores e os reis magos que logo chegaram, e também, é claro, os pais. Além da veneração prestada ao Rei dos Reis que acabara de nascer, trata-se do carinho e cuidado com um recém-nascido e com a Mãe que há pouco enfrentara o parto.
Hoje, quem e o que cerca o pequeno Jesus em sua manjedoura?
Conseguiria Ele dormir em paz com tudo o que o rodeia?
Gritaria, brigas, quebradeira, música ruim, tiros, preocupações, buzinas apressadas, comerciais, ofensas, fogos de artifício, palavrões... durma-se com um barulho desses!
Talvez sejam poucos os momentos em que o Menino Jesus pode dormir como uma criança que se sente amada, cuidada, desejada e respeitada.
Neste Natal foi esta a minha reflexão: o que tenho feito para que Jesus durma em paz?

domingo, 19 de dezembro de 2010

Natal: O poder de Deus na fragilidade do mundo


FONTE: DREHER, Carlos A.  Faz escuro, mas eu canto. Encontros de preparação para o Natal. Cebi: São Leopoldo/Rio Grande do Sul, 2004. p. 25-26

Deus é grande demais para poder passar pelas portas do templo. Aliás, Ele nem cabe no templo, nem em qualquer catedral, igreja ou capela. Por causa disso, as pessoas só podiam crer que Ele morasse numa alta montanha distante, como o Sinai, ou mesmo na imensidão do céu.

Deus, porém, quis revelar-se, mostrar-se, chegar perto de suas criaturas, pois as amava. Apesar de sua desobediência, apesar de seu pecado, apesar de sua maldade, Deus, amava e ama profundamente as suas criaturas. Já não podia ver seu sofrimento, nem ouvir o seu clamor. Por isso, desceu. E desceu tanto que se foi revelando nas coisas fracas, frágeis, insignificantes.

Subitamente já não estava na alta montanha. Estava numa sarça, num pequeno arbusto que quase não se notava. Estava numa brisa leve, quase inaudível. Estava no chão do sofrimento, em meio a escravos e escravas de costas lanhadas pelos chicotes. Estava no deserto, caminhando com seu povo, por muito, muito tempo, até chegar na terra prometida.

Contudo, esse Deus queria chegar ainda mais perto das pessoas. Tão perto, a ponto de tornar-se um igual. Igual a quê? Igual ao ser humano mais sofrido e triste que pudesse existir.

E, então, se fez carne! Armou sua tenda no meio de nós. Fez-se imagem de ser humano.

Escolheu uma jovem mulher, chamada Maria, para vir ao mundo através dela. Pobre Maria! Como explicar que estava grávida? Quem haveria de acreditar nela?

Pobre José! Sentiu-se traído, quis fugir. Como acreditar no que o anjo lhe dizia? Que iriam dizer dele? Que iriam dizer daquela pobre criança?

E agora estavam ali, naquela estrebaria fedorenta. Não tinham encontrado lugar. Ninguém lhes dera pousada. Em meio a moscas e esterco, a criança havia nascido. Nem cama, bem berço! Um cocho de palha babada pelos animais. Ali estava agora deitada a criança, tão frágil. E aqueles pastores sujos e maltrapilhos em volta dela, com os olhos brilhantes, como se tivessem visto anjos.

No meio de toda aquela miséria, porém, havia algo de belo. Uma profunda paz tomava conta de tudo e de todos. Era como se Deus estivesse ali. Deus conosco, na miséria do mundo. Deus conosco, num cocho babado. Deus conosco, cercado de moscas e de esterco. Emanuel!

Mais tarde haveria uma cruz, numa cinzenta tarde de sexta-feira. Pregado nela, alguém gritava desesperado: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”. E morreu, frágil, banhado em sangue e dores. Emanuel!

Na manjedoura e na cruz, Emanuel, Deus conosco. Para sempre, Deus conosco. Grande demais para caber num templo. Pequeno e frágil como uma criança recém-nascida.

É difícil entender um Deus assim. É difícil compreender um amor tão grande. Mas é assim o nosso Deus, Emanuel. O seu poder se torna forte nas coisas fracas e pequenas. Ele está presente nas pessoas fracas e pequenas, nas crianças, nos pobres, nos sofridos. Solidário.

Assim é Natal: o poder de Deus na fragilidade do mundo!

Por isso, glória a Deus nas maiores alturas, e paz, paz na terra, paz entre os seres humanos a quem Ele tanto ama.
Emanuel.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Boa Música: Life is a miracle (Prefab Sprout)



Say, what you doing' sleeping ? Hey half the day is gone
Get a move on

Life's a miracle, let me tell you why
If you look above you, there are no more stars
Like this one in the sky

Life's a miracle, we gotta make the most
Of the passing moment,
Gotta do our best, there'll be time enough to rest

Gotta do our best, there'll be time enough to rest

Tell someone you them, there's always a way
And if the dead could speak I know what they would say
To you and me - don't waste another day

Show someone you love them don't be scared
And if they fall into your arms you'll be surprised to find
The weight that you can bear, because

Life's a miracle, we gotta do our best
Before it's time to rest
Life's a miracle - it's a Summer's day
It's a passing moment
Enjoy the sky, be a brilliant butterfly !

Tell someone you them, there's always a way
And if the dead could speak I know what they would say
To you and me - don't waste another day

Show someone you love them don't be scared
And if they fall into your arms you'll be surprised to find
The weight that you can bear, because

Life's a miracle
Life's a miracle
Life's a miracle

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Tomé



“Era o primeiro dia da semana. Ao anoitecer deste dia, estando fechadas as portas do lugar aonde se achavam os discípulos por medo das autoridades dos judeus, Jesus entrou. Ficou no meio deles e disse: A paz esteja com vocês.[...] Tomé, chamado Gemeo, que era uns dos doze, não estava com eles quando Jesus veio.  Os outros discípulos disseram para ele: Nós vimos o Senhor. Tomé disse: se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar as minhas mãos no lado dele, eu não acreditarei.” Jo 20, 19-25
Quão Tomé somos todos nós?
A pergunta foi proposta em uma das assembléias do Cursilho, por Dom Laurindo, então Bispo da Diocese de Foz do Iguaçu.
De fato. Quantas vezes nós não nos envolvemos, não assumimos responsabilidades, não nos comprometemos, sequer comparecemos e depois ainda nos achamos no direito de duvidar daqueles que acreditam?
É necessário ficar atento a isso.
É comum observarmos algumas pessoas se afastando do Movimento de Cursilhos e até mesmo da Igreja, sem nenhuma grande razão, simplesmente porque permitiram que a distância aumentasse.
Trilhas que ficam por muito tempo sem uso, tendem a criar mato, dificultando a passagem, até que desaparecem completamente.
Quando deixamos de comparecer a uma Escola Vivencial ou Assembléia Mensal, pode ficar bem fácil também não participar da próxima. Quanto menos participamos mais nos esquecemos dos motivos que nos levariam a participar, das maravilhas que já vimos acontecer em nossas vidas e nas vidas de outras pessoas, do crescimento, da formação, da amizade especial que é cultivada entre cursilhistas... Até chegar ao ponto em que duvidamos de todas essas coisas: não vamos, não vemos e depois questionamos!
Não é para qualquer um. Compromisso incondicional é realmente para poucos. É para quem não tem qualquer outra prioridade a não ser estar a postos para receber e testemunhar Jesus.

Quati Vingador - Conselhos de Irmã

Nos meus idos tempos de faculdade (na condição de aluna), eu e alguns amigos escrevíamos um informativo chamado “Quati Vingador”.
O Quati era escrito por alguns meninos do curso de Direito da UEPG e suas poucas cópias eram disputadas a tapa. Eu e algumas amigas sugerimos a eles admitir textos de “quatis fêmeas” e a mim couberam duas colunas: “Essa é pra casar” e “A nível de Universidade”.
Foi uma das melhores épocas da minha vida. Todas as semanas precisava encontrar inspiração para escrever uma coluna sobre festas, relacionamentos, coisas de meninas e outra sobre fatos da universidade, política, direito, etc.  Às quintas-feiras muitas vezes íamos até a madrugada, revisando, organizando, providenciando as cópias e grampeando as folhas. No dia seguinte fazíamos a distribuição pela manhã e também à noite. Até uniforme a gente tinha!
Todos se divertiam com nossas besteiras e apreciavam também a parte séria. Inclusive a direção do curso muitas vezes solicitava que veiculássemos avisos oficiais no Quati, porque ali tinham certeza que seriam lidos.
Muita gente pedia para ser citado, outros tinham até medo: “Você não vai escrever sobre mim né?” Até entrar sem pagar em algumas festas universitárias nós entrávamos, e diziam: “Chegou a imprensa!”
Talvez os devaneios aqui no blog sejam uma forma de matar um pouco da saudade daquele tempo. Era um espaço privilegiado para dar indiretas, desabafar e até praticar algumas vinganças veladas! Era um jeito de tirar alguns macaquinhos do sótão e colocar no papel!

Dois dos companheiros de Quati me encontraram no facebook essa semana, os famigerados Dr. G e Chasso. Acho que aí veio a nostalgia e vontade de requentar um texto daquela época (claro, mamãe os mantém todos arquivados!).
Então, segue abaixo, sem qualquer modificação, um texto publicado em 6 de setembro de 2002, na coluna Essa é pra casar, 11ª edição, do segundo ano do Quati Vingador.
Vai que ainda é útil para alguém!
CONSELHOS DE IRMÃ
Esta coluna normalmente traz críticas ao comportamento masculino, outras vezes avalia as atitudes femininas, mas esta edição está mais boazinha: reunimos alguns conselhos dirigidos aos rapazes, são realmente dicas só dadas a irmãos, vão desde o comportamento com o sexo oposto, até o jeito de se vestir:
- sabem aquelas listas tipo “as 10 melhores cantadas” que te mandam por email? Você não deve levá-las a sério meu querido, chegar na menina dizendo: “posso te fazer uma proposta? Eu te dou um beijo, se você não gostar você me devolve...” é a maior furada.
- a tua virilidade e força física só serão úteis e apreciadas na hora de carregar malas, trocar pneus, etc, jamais na hora da conquista. Se o teu papinho não convenceu a gata, uma “chave de braço” não terá melhor sorte. Agarrar e beijar é no mínimo uma grosseria.
- tudo menos meia branca conjugada com calça e sapatos escuros.
- camisa brilhante... você é cigano?
- carro cheio de “barulhos”, música muito alta, todo um aparato automobilístico não são eficientes par atrair mulheres, ou pelo menos mulheres dignas de respeito...
- calvície começando a dar sinais? Não adianta se agarrar aos poucos heróis da resistência e conservar um ridículo mullet. Um corte bem curto e pronto.
- quando for presentear, nunca a mande escolher. Segundo uma colega analista de relacionamentos, “mandou escolher, se f...”. Só falta no dia dos namorados você dar uma daqueles “vale CD”. Use a criatividade amigo! Fora que dando a escolha a ela você perde o controle do preço, pode se arrepender depois. Outra coisa, preço e marca não significam muito para moçoilas que se prezem (sim, elas existem). Muitas vezes um chocolate inesperado tem mais efeito do que um grande anel.
- em hipótese alguma termine um relacionamento por telefone, ou pior, por email. Seja homem, não foi assim que tudo começou e não é assim que deve terminar.
- se você precisa mesmo beber, tenha noção. A cena de um cara vomitando no meio da festa obviamente não é o melhor chamariz de mulheres. Não passe a noite toda encostado no balcão! O álcool pode ter ainda outros efeitos: suas qualidades de dançarino não serão estimuladas com o equilíbrio prejudicado; você pode facilmente se meter em brigas idiotas (há alguma briga que não o seja?) e mulher nenhuma suporta homem metido a macho; você pode não lembrar de informações importantes no dia seguinte; você pode expor a moça a sérios risco ao levá-la para casa, entre outras desvantagens. Saiba dos teus limites!
- não dê em cima das amigas dela. Tenha foco! É o óbvio, mas muitos ignoram...
- a gente costuma não gostar de homem que dança muuuito bem, do tipo que sabe todas as coreografias da moda, rebolando feito um louco. Mantenha a compostura no salão. O imprescindível é que você se vire bem dançando a dois.
- Tenha amigas. Trate bem as mulheres da tua família.
- Declarações de amor em público devem ser evitadas ou deixadas para quando você tiver um mínimo de esperança de reciprocidade, do contrário você colocará os dois numa situação muito constrangedora.
Haveria ainda muitos outros conselhos, todos ótimos na teoria mas que a prática insiste em contrariar. Na dúvida: tente! Nas questões do coração é possível até que os fins justifiquem os meios. Como diz São Paulo: “o amor cobre a multidão de pecados”. Por pecados podemos entender fiascos, foras, cortadas e por aí vai...

sábado, 16 de outubro de 2010

Também trabalha ou só dá aula?


Quantos de nós professores já não ouviram esta pergunta?
Eu normalmente respondo que na maior parte do tempo realmente não trabalho, só me sinto realmente trabalhando quando preparo e corrijo provas e quando preciso preencher livros de chamada...
O resto? O resto é diversão!
Durante alguns anos fui advogada e professora. Aos poucos fui sentindo que me realizava mais como professora do que advogando, e ao me sentir melhor com o trabalho, me pareceu que os resultados eram também melhores e decidi: vou parar de trabalhar e ser professora.
Até hoje ainda sou questionada por essa escolha: mas você nunca mais vai advogar? Não. Não quer fazer nenhum concurso? Não.
Que alegria e que privilégio é poder escolher a vida que se quer ter. Eu escolhi e a tenho. Não canso de agradecer, a Deus, aos meus pais, aos meus empregadores, e principalmente aos meus alunos.
Apesar de ontem termos comemorado o Dia dos Professores, hoje é para isso que escrevo este pequeno texto: para agradecer aos meus alunos por me permitirem diariamente o exercício da profissão que escolhi.
Obviamente há altos e baixos. Não raras vezes saí de sala pensando: “Quem foi o louco que disse que você poderia ser professora Patricia?” Há toda a desvalorização, desrespeito e todo o mimimimimimi que professores costumam desfiar por aí. (1)
 
Se for para trabalhar só por dinheiro, sinceramente, não seja professor.
Não digo isso porque considere a remuneração muito baixa, mas sim porque acredito que ofício algum deve ser exercido só com vistas ao retorno financeiro, mas quando se trata de ser professor, isso é mais grave ainda.
Quem trabalha só por dinheiro provavelmente ganha mais do que merece.
Ser professor é lidar todos os dias com o sonho alheio, incentivar projetos de vida, descobrir talentos, emancipar pessoas, sugerir caminhos... Quanto vale fazer isso? Quanto mereceria receber o professor que efetivamente consegue cumprir tal missão?
O verdadeiro professor se sentirá compensado por todas as horas fora de sala de aula, estudando, preparando, corrigindo, planejando, quando percebe as mudanças nos seus alunos, quando percebe que alguém vê a vida com um pouco mais de clareza em razão de algum comentário em sala de aula, quando acompanha uma discussão entre alunos sobre algum ponto de sua matéria, quando vê um aluno orgulhoso por se tornar aquilo que ele sempre foi, por se tornar um ser humano mais completo.
É por isso e muito mais que sou feliz por ser professora e quero continuar me esforçando para um dia me parecer um pouquinho com a descrição de professores apaixonas feita pelo Gabriel Perissé (2) no texto abaixo.
Professores e professoras apaixonados acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa que podem mover o mundo. Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltitplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos. Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato. Apaixonar-se sai caro!
Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria. Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, dos desrespeitos, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro. Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração. Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e nada mais.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar os esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
(2)   Doutor em Filosofia da Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), com a tese "Filosofia, ética e literatura: a proposta pedagógica de Alfonso López Quintás" (2003). Mestre em Literatura Brasileira pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), com a dissertação "Carlos Nejar: uma admiração problemática" (1989). Bacharel em Letras (Português e Literaturas Brasileira e Portuguesa) pela Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985). (www.perisse.com.br)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ninguém manda em mim

Há diversas atitudes entre as pessoas ao nosso redor que podem ser realmente irritantes. Entre elas, uma que escolhi faz tempo como a atitude campeã em chatice e inutilidade é a postura de “vítima do mundo”.

É um emprego que não deu certo, um namoro que acabou, relacionamento difícil com a mãe, grosseria do cliente, ou seja lá o que for, tudo vira motivo para mau humor ou má vontade, mas “a culpa não é minha”!

Isso passa pelas grandes decisões necessárias na vida, até pequenas tarefas diárias. São aquelas clássicas desculpas do tipo “o cachorro comeu o meu trabalho professora...” Há pessoas que passam a vida inteira se desculpando.

É possível ir ainda mais longe e colocar tudo na conta do inconsciente, de vidas passadas, traumas de infância... Talvez isso tudo só revele o medo ou incapacidade de tomar as rédeas da própria vida.

Assumir a postura de vítima muitas vezes é realmente cômodo, se eu sou a vítima preciso de proteção, preciso que alguém tome conta de mim e resolva todos os meus problemas. Diante disso muitos até se habituam às queixas constantes, relembrando antigos ou novos problemas, doenças, tristezas... Haja paciência!

Muitas coisas podem ter acontecido com você, mas a vida é agora, é para frente!

É extremamente libertador tomar a consciência de que quem determina como é a nossa vida, nosso humor, nosso ambiente, nosso bem estar, somos nós mesmos e ninguém mais. Afinal de contas, o único comportamento humano sobre o qual realmente temos controle, é o nosso!

É necessário então, como diz o Pe. Fábio de Melo (1), “se possuir”.

Não é conselho novo, é algo já dito pela clássica filosofia “Conhece-te a ti mesmo”, e exposto no maior dos mandamentos deixados por Jesus: “Ama o próximo como a você mesmo” (2).

Precisamos nos conhecer e nos amar o suficiente para não depender de outras pessoas ou situações para permanecermos em equilíbrio e felizes, mesmo que nem sempre alegres ou entusiasmados.

Depender de palavras, gestos ou reações de outras pessoas para que possamos nos sentir bem conosco mesmos é dar poder demais a indivíduos que sequer desejam tal poder!

Quem efetivamente se possui não se abate, como demonstra o poema Invictus, que ficou famoso por ser relembrado no filme de mesmo nome, como um texto usado por Nelson Mandela para manter-se firme, mesmo entre as maiores adversidades:

Invictus
“Do breu da noite que não se dissolve
A me envolver em nuvem negra,
A qualquer deus – se algum me ouve,
Agradeço por minha alma que não se verga.

Fustigado pelas garras do acaso,
Nunca lamentei, não esmoreceu minha fé.
Sob os golpes fortuitos do descaso,
Trago a cabeça em sangue, mas ainda de pé.

Além deste lugar de ira e ranger de dentes
Só se vê o horror de sombras silentes;
Mas a ameaça do Tempo, que nunca recua,
Não me amedronta, nem me acua.

Embora estreito o portão, sigo adiante,
Mesmo tendo ao lado o castigo e o desatino,
Da minha alma eu sou o comandante;
Eu sou o senhor do meu destino.” (3)

Raciocínio semelhante encontramos em uma música de uma de minhas bandas favoritas, Los Hermanos:

Eu não vou mudar não
Eu vou ficar são
Mesmo se for só
Não vou ceder
Deus vai dar aval sim
O mal vai ter fim
E no final assim calado
Eu sei que vou ser coroado
Rei de mim. (4)

É necessário se possuir!
Há momentos em que precisamos gritar para nós mesmos: “Ninguém manda em mim”! “Aqui, a rainha sou eu!”

(2)Mateus 22,39
(3)  William Ernest Henley
(4)  De onde vem a calma. Marcelo Camelo

terça-feira, 31 de agosto de 2010

100 Anos do Clube Mais Brasileiro

“Corinthians grande,

Sempre Altaneiro
És do Brasil
O clube mais brasileiro.”



Hoje meu time faz 100 anos de história.

Falem o que quiserem os que não gostam de futebol, mas torcer é uma delícia e torcer pelo Corinthians é ainda melhor!

Torcer é um bom exercício para aprender a enfrentar vitórias e derrotas, abrir mão de certezas, confiar, se identificar com outras pessoas, compartilhar algo em comum, dar a volta por cima.

Claro, isso tudo de uma forma “normal”, meu time não é a minha vida, mas é uma parte bem gostosa dela! Principalmente no que se refere a minha família, já que somos na maioria corinthianos, entre primos e tios.

Aqui em casa para sempre vamos ouvir minha mãe contando novamente sobre certa vez, após uma derrota do Corinthians, meu irmão ter vindo até ela chorando e dizendo: “Mãe, por que é que eu tinha que nascer corinthiano?”

É gostosa a sensação de não apenas torcer de vez em quando, mas ser torcedor, sentir-se parte de algo maior.

Cantamos no hino que somos o clube mais brasileiro e que bom seria se o Brasil fosse um país mais corinthiano! Explico:

Quando se fala sobre o elemento humano do Estado nas aulas de Ciência Política, mencionando o conceito de nação, tratamos de um conceito que é emocional, afetivo. É o elemento humano, assim, deve ser o elemento que dá vida ao Estado. Ser nacional trata-se de ter um sentimento de pertença, identificar-se com um grupo, partilhar dos mesmos valores, tradições, costumes. Também é reconhecer o que é que torna o grupo diferente de outros grupos e querer manter justamente as características que nos tornam diferentes dos demais. Digam o que disserem, critiquem o quanto criticarem, perdendo ou ganhando, continuo fazendo parte dessa nação (1).

É o que faz alguém, no meio de um estádio, vendo o time enfrentando um momento ruim, gritar a quem quiser ouvir: “Eu nunca vou te abandonar, porque eu sou louco, louco por ti Corinthians!”

Quanto mais um Estado se confunde realmente com uma Nação, mais forte ele é. Até sem território ele poderia continuar firme, desde que seja uma nação. Quando o povo constitui verdadeiramente uma Nação, torna-se o principal defensor do Estado, dá a vida por ele, não admite que seu Estado seja menosprezado, mesmo com todos os defeitos que ele mesmo possa reconhecer. Sim, sem dúvida, fazer parte da nação não significa não enxergar suas deficiências, ao contrário, leva o torcedor (ops) o cidadão às portas da diretoria, gritando aquilo em que acredita, exigindo mudanças, interferindo nos rumos.

É o que faz a Fiel. Acompanha, fiscaliza, cobra, e também exagera, como todo apaixonado faz! Assim é que se diz que o Corinthians não é um time que tem uma torcida, é uma torcida que tem um time. Gostem os diretores, técnicos e jogadores ou não, o corinthiano não perde um lance, não tira os olhos, não fica quieto.

Por isso tudo é que quando tento explicar o sentimento nacional, o mais fácil é falar aos alunos sobre a nação corinthiana (momento em que logo ganho simpatizantes e opositores!).

E é por isso tudo que digo que seria bom se, além de ter no Brasil o clube mais brasileiro, tivéssemos também o país mais Corinthiano!

(1) “[...] um grupo humano no qual os indivíduos se sentem mutuamente unidos, por laços tanto materiais como espirituais, bem como conscientes daquilo que os distingue dos indivíduos componentes de outros grupos nacionais.” HAURIOU, Maurice apud BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10 ed. São Paulo: Malheiros, 2004. p. 79.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Antes morrer que perder a vida!

A morte sem dúvida é um assunto que não agrada. Normalmente ficamos um pouco constrangidos ao falar no assunto ou adotamos uma postura de pesar.

Perder alguém nunca será uma experiência fácil de se enfrentar, seja pela morte ou até mesmo pelo fim de um relacionamento, mas por isso mesmo pode ser das experiências que mais fazem crescer. Portanto, ao tomar conhecimento de alguma triste notícia de morte, o melhor que temos a fazer é pensar na vida.

Acredito veementemente que a morte só acontece para os que ficam vivos. Essa sua maior função, ensinar algo aos que ficam. Afinal de contas, não é nunca à toa que rezo que creio na vida eterna.

Acontece que para Deus um dia é como mil anos e mil anos são como um dia, e por mais dolorido que seja aceitar isso na carne, é um fato: tivemos com a pessoa o tempo que deveríamos ter, mas isso não significa que não tenhamos mais a pessoa. Por isso é até meio inadequado dizer que se "perdeu" alguém. Quem tem fé sabe muito bem a quem entrega seus entes queridos, nunca os perde.

É lugar comum, mas deveríamos ter mais medo da vida mal vivida do que da morte.

Há tantos andando por aí que já morreram faz tempo e nem o sabem! Disso sim eu tenho medo. Vivem só para si, para seu dinheiro, seu prazer, seu status, sua beleza... Correm muito, sem tempo para nada, eternamente cansados. Tomam um remédio para dormir e outro para acordar. Convidadas, por exemplo, para um retiro, recusam porque têm muito trabalho a fazer. Não pensam duas vezes em passar por cima de seus valores, sua família ou amigos, para atingir objetivos materiais, momentâneos e passageiros. Cuidam tanto da vida que passa, que esquecem de construir a vida que não passa... A loucura vai fingindo que isso tudo é normal até chegar ao ponto em que o corpo realmente pede um pouco mais de alma. E será que teremos tempo para dar alma a nosso corpo? (1)

Por outro lado, uma vida vivida perante a vontade divina e sendo multiplicada na vida de outras pessoas, nos torna imortais!

Como nos diz meu querido São Paulo Apóstolo:
"O que nos resta dizer? Se Deus está a nosso favor, quem estará contra nós? Quem poderá nos separar do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? Mas em todas essas coisas somos mais do que vencedores por meio daquele que nos amou. Estou convencido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes nem as forças das alturas ou das profundidades, nem qualquer outra criatura, nada nos poderá separar do amor de Deus manifestado em Jesus Cristo, nosso Senhor." (1)
"Morte, onde está a tua vitória? Morte, onde está o seu ferrão?" (2)

São certezas que precisam ser reafirmadas a cada conversa, a cada ato, a cada decisão. Afinal, "com efeito, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida?" (4)

(1) Lenine. Paciência
(2) Romanos 8, 31-39
(3) I Coríntios 15, 55
(4) Evangelho de São Marcos 8, 36

sábado, 28 de agosto de 2010

Mater Semper Certa?

MATER SEMPER CERTA?


Em busca de entender a sociedade e o Estado em que vivemos, é interessante pensar sobre a origem de tudo isso. Não raras vezes percebemos que em alguns aspectos parecemos hoje estar regredindo a algumas características primitivas.

A partir de nossas características atuais (afinal, um grupo de seres humanos talvez tenha sido sempre um grupo de seres humanos), tentamos imaginar como teriam se organizado as primeiras tribos, clãs, etc.

Há então várias teorias possíveis, todas elas tratando da submissão de um indivíduo a outro ou de um grupo a outro grupo. São vários os fatores que podem ter levado a essa submissão, relações econômicas, religiosas, violentas, racionais e também familiares.

Dentro da Teoria da Origem Familiar há duas correntes possíveis: origem patriarcal e origem matriarcal.

De acordo com a Teoria Matriarcal “a primeira organização familiar teria sido baseada na autoridade da mãe. De uma primitiva convivência em estado de completa promiscuidade, teria surgido a família matrilínea, naturalmente, por razões de natureza fisiológica – mater semper certa. Assim, como era geralmente incerta a paternidade, teria sido a mãe a dirigente e autoridade suprema das primitivas famílias, de maneira que o clã matronímico, sendo a mais antiga forma de organização familiar, seria o fundamento da sociedade civil” (1)

Pensamos então em grupos nômades, que permaneceriam em determinado local enquanto ali obtivessem os recursos necessários para a sobrevivência. Esgotados os recursos, parte-se para um novo destino.

Os homens certamente eram os caçadores, periodicamente deixavam o grupo para se aventurar em busca de alimento. Nem sempre tinham êxito, nem sempre sobreviviam, de forma que os vínculos entre as pessoas eram extremamente frágeis, sem noções de família, monogamia e fidelidade. Logo, como as vidas dos homens eram muito instáveis, apenas mater semper certa, ou seja, só havia certeza quanto a quem eram as mães.

À medida em que fomos nos tornando sedentários, fixando uma sede para nossas vidas, a autoridade vai se tornando masculina, talvez em razão dos homens oferecerem melhor proteção contra os perigos.

Caminhou então a história, para períodos de total submissão feminina, com mulheres vistas como patrimônio de seus pais e maridos, até passarmos pela busca de direitos, notadamente a igualdade. Chegamos ao presente com mulheres obtendo grandes espaços e cargos relevantes, muitas até se masculinizando nesse intuito, enquanto outras ainda se submetem à violência doméstica e à dependência econômica de um companheiro ou de companheiros que se sucedem...

Tenho às vezes a sensação de que novamente nos encontramos na época dos nômades e dos pais incertos.

Estamos ficando cada vez mais sem raízes. Voltamos a ser nômades, vagando de emprego em emprego, cidade em cidade, buscando melhores recursos, procurando obter os meios para uma existência mais confortável. Já não ouvimos mais as histórias daquele funcionário que iniciou e terminou a vida profissional dentro da mesma empresa. Quanto maiores as cidades, mais difícil o relato de vizinhos que acompanharam a vida toda uns dos outros, vendo os filhos crescendo juntos, tornando-se quase mais próximos do que familiares. Antigamente os vizinhos cuidavam da nossa casa quando viajávamos... hoje preferimos que eles nem fiquem sabendo que deixamos a casa sozinha!

Não sabemos muito bem quem são as pessoas ao nosso redor. Estamos próximos, mas muito distantes.

A maior facilidade de transportes e comunicação nos aproximou de muitas oportunidades, nos permitiu voar ou flutuar em nuvens de informações, mas é preciso ter cuidado para não transferir isso as nossas relações, permanecendo nelas também apenas enquanto nelas obtemos os recursos necessários para que nossa existência seja mais agradável, mantendo vínculos que são apenas eternos enquanto duram (2).

Hoje, como outrora, quantos pais não são também desconhecidos de seus filhos?

Usufrui-se de uma relação enquanto prazerosa, retirando do outro o que ele tem a me oferecer, e, esgotada a novidade, abandona-se, pega-se a estrada, em busca de novos prazeres. Muitas crianças são deixadas ao longo desse caminho, com pouquíssimas certezas. Pais ausentes nas certidões e nas vidas de seus filhos. Talvez ainda remanesça a certeza da mãe, quando essa tiver condições de ser verdadeiramente mãe. É possível ainda imaginar, que com o progresso da tecnologia e retrocesso das convicções morais, logo nem sobre as mães teremos qualquer certeza...

Será a família ainda a celula mater da sociedade? Não cabe a nós apenas responder, mas agir para garantir que assim o seja.

E por aí vamos, soltos, sem raízes, sem história. Solidões que convivem, conforme bem comenta Contardo Calligaris em seus “tuites” sobre a solidão urbana(3). Se sei quem sou a partir do que me mostra o outro... não sei de mais nada!

Fica a pergunta da música: Isso lá é bom? (4)

(1) MALUF, Sahid. Teoria geral do estado. 28 ed. São Paulo, Saraiva: 2008. p. 63

(2) “Que não seja imortal, posto que é chama
      Mas que seja infinito enquanto dure.” MORAES, Vinicius de. Antologia Poética. Editora do Autor, Rio de Janeiro: 1960. p. 96.

(3) (@ccalligaris)

(4) “Ah Solidão. Foge que eu te encontro, que eu já tenho asas... Isso lá é bom? Doce solidão...” Marcelo Camelo - Sou

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Nos ombros de quem temos subido?

Ontem à noite as aulas de Ciência Política e Teoria Geral do Estado foram daquelas que considero ideais: a maioria já tinha ao menos dado uma passada de olhos nos textos sugeridos, fizemos uma roda e a partir de algumas perguntas propostas foi construída a conversa.

Falávamos de Thomas Hobbes(1) e John Locke(2), suas idéias contratualistas, visão das funções do Estado e da existência de direitos inerentes aos seres humanos.

O primeiro, mais pessimista em relação ao ser humano, afirmando a celebração do contrato em razão de nossa desconfiança mútua. O segundo nos é mais favorável, verificando no contrato a função de garantir direitos que já são nossos por natureza. O Estado chega para nos proteger de nós mesmos!

Vemos também a importância de se destacar o Estado como fruto da vontade humana e não apenas mera expressão de instinto de sobrevivência. Tal conclusão resgata a dignidade do ser humano e de cada indivíduo, asseverando-se que o Estado foi criado para promover o ser humano e qualquer proposta ofensiva a mesma liberdade que criou o Estado, retira dele a sua legitimidade. Criamos o Estado não apenas para preservar nossas vidas, mas também para preservar outros tantos valores que dão sentido a esta mesma vida.

É fascinante observar pessoas tomando contato com obras e autores anteriormente desconhecidos e sendo por eles conduzidos também a idéias que nunca lhes tinham passado pela cabeça. Alguém de repente diz: "o homem é o lobo do homem e então resolveu inventar o Estado... só trocaram de lobo então!" Outro afirma: "sempre pensei algo parecido, mas não sabia fundamentar".

Comentamos no início da conversa sobre a importância de ler os clássicos, lembrando Italo Calvino (3) e a afirmação de que clássicas são as obras que nunca terminam de nos dizer o que têm a dizer. Conversar com os autores de obras assim é ingressar no grande diálogo universal, subir nos ombros de gigantes(4) e talvez assim obter uma melhor visão do mundo e da vida.

Ao final da conversa foi exatamente o que todos percebemos, sentimos subir o nível do debate. Gradualmente do Leviatã e do Segundo Tratado sobre o Governo Civil, chegamos às eleições 2010, nos perguntando: Será que os candidatos sabem para que serve o Estado? Será que temos alguma noção dos valores que defendemos quando escolhemos uma ou outra proposta? Que Estado queremos? Precisamos de um pai, de um provedor, de um guardião...?

Muitos se dão conta de que nunca refletiram sobre suas escolhas dessa forma e que quando propõe tal reflexão não encontram acolhida entre a maioria de seus familiares e amigos.

Com uma leitura superficial de dois autores e a breve troca de idéias entre a turma, sem grande esforço já estávamos enxergando mais além do que muitos outros e daí nos vem a responsabilidade em comunicar a todos a visão que temos aqui um pouco mais do alto...

(1) HOBBES, Thomas. Leviatã: ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e cicil. Tradução de Alex MARINS. São Paulo: Martin Claret, 2004.
(2) LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. Tradução de Alex MARTINS. São Paulo: Martin Claret, 2004.
(3) CALVINO, Italo. Por que ler os clássicos. Tradução de Nilson MOULIN. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

(4) "Se eu vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes". Isaac Newton

Tamagotchi

Saudações!
Aqui vou eu iniciando um novo blog. Não dei atenção suficiente à tentativa anterior... acho que por isso definhou e morreu! Não pretendo ser assim com meu novo "bichinho virtual".
O blog se destina principalmente a meus alunos, para quem postarei alguns roteiros de aulas e informações que julgue interessantes para esclarecer os conteúdos ministrados. Mas dessa vez não farei só isso, porque sou mais.
Daí o nome do blog "das minhas cores".
Felizmente tenho uma vida cheia de cores, vários fatores que tornam meus dias decolores (pelo menos na maior parte do tempo). Tenho comigo uma palheta de cores muito variadas, entre elas estão meus pais e toda a minha família, minha fé em Deus e minha religião Católica, praticada principalmente no Movimento de Cursilhos de Cristandade. Há ainda os amigos, os da vida inteira, os do Cursilho, os do trabalho e cada um também me entrega suas cores. Para profissão escolhi o Direito, e no Direito há algum tempo a carreira acadêmica, com alguns dias cinzentos e outros multicoloridos.
Assim vou levando, tentando dar sentido a todas as cores que são a minha vida. Nunca aprendi a desenhar bem, talvez nem sempre eu saiba dosar e combinar adequadamente os tons, mas não abro mão de qualquer um deles, porque fazem parte do meu todo, da integridade com que procuro me conduzir, sendo eu, inteira, entre todos, a todo momento e em qualquer lugar.
Por isso é que agora o blog incluirá além dos textos dirigididos aos acadêmicos, também meus devaneios, minhas convicções, minhas preferências, alegrias e decepções. Alguém lerá e não sei se aproveitará, mas a mim fará bem escrever!