domingo, 30 de outubro de 2011

É inútil ter certeza


Há momentos na vida em que é necessário ter coragem de perceber que está na hora de começar algo novo. Não porque as coisas estejam ruins, bem pelo contrário, mas apenas porque elas continuam iguais.
Apesar de reconhecer que “somos quem podemos ser”, não devemos esquecer os “sonhos que podemos ter.”
Procurar novas pessoas, lugares, saberes, pode nos fazer sentir “um estrangeiro, passageiro de algum trem que não passa por aqui.” Mas em vários lugares o trem passa sim e é possível ser um dos passageiros.
Custa um pouco sair do comodismo, e dói bastante perceber que “eu posso estar completamente enganado, eu posso estar correndo pro lado errado.” Mas o socrático saber que nada se sabe continua valendo alguma coisa, “a dúvida é o preço da pureza e é inútil ter certeza.”
Estar entre pessoas que estudam, pensam e escrevem tantas coisas diferentes (até entre gente que ama os Beatles e os Rolling Stones [e o Radiohead] e os incluem em um congresso de direito!), é ao mesmo tempo um desafio e um incentivo. “Há tantos quadros na parede, há tantas formas de se ver o mesmo quadro.”
Para que serve o Direito? Precisamos mesmo dele? Pode ele me dizer: “não corra, não morra, não fume”, por mais sensatos que sejam tais conselhos?
E teriam estes que tanto estudam a faculdade de prescrever aos outros qual seria a melhor vida? Não estaríamos assim todos nos distanciando das pessoas “reais”? Há momentos em que é quase necessário avisar “Desligue o telefone se eu ficar muito abstrato.” Ou ainda: “ouça o que eu digo, não ouça ninguém.”
Mas alguém há de colocar alguns parâmetros, alguma linha ou regra, afinal “se num jogo não há juiz, não há jogada fora da lei.”
De minha parte estou decidida: não importa se até agora só toquei o primeiro acorde da canção, “a gente escreve o resto sem muita pressa, com muita precisão.”
As dúvidas vão se multiplicar, mas “quem duvida da vida tem culpa e quem evita a dúvida também tem.”
Os sonhos que eu posso ter não estão “tão longe que eu não possa ver”, mesmo ainda não estando “tão perto que eu possa tocar.”