segunda-feira, 28 de maio de 2018

CITAÇÕES: CARTAS DO DIABO AO SEU APRENDIZ

Seguindo com o hábito de anotar os trechos que sublinho nos livros que leio, compartilho agora trechos escritos por C. S. Lewis (o mesmo de As Crônicas de Nárnia), em seu "Cartas do Diabo ao seu Aprendiz". O livro é composto de cartas escritas por um demônio (Screwtape) a seu aprendiz (Wormwood), orientando-o sobre como proceder para que o "paciente" que lhe foi confiado não tenha a alma salva pelo "Inimigo".




Prefácio:
Há dois erros idênticos e opostos nos quais nossa espécie pode cair acerca dos demônios. Um é não acreditar em sua existência.O outro é acreditar e nutrir um interesse excessivo e doentio neles. 

Cartas de Screwtape a Wormwood:

Jargão, não argumento, é o teu melhor aliado em mantê-lo longe da Igreja.

Não tente usar ciência (quero dizer, as autênticas ciências) como uma defesa contra o Cristianismo.

Um dos nossos grandes aliados no momento é a própria Igreja.

Trabalhe duro, então, no desapontamento ou no anticlímax que certamente irá ao encontro do teu paciente durante suas primeiras semanas como membro da Igreja. O Inimigo permite que este desapontamento ocorra no limiar de todo esforço humano. [...] Se passam com êxito por essa aridez inicial, tornam-se muito menos dependentes da emoção e, portante, muito mais difíceis para se tentar.

A melhor coisa, quando possível, é manter o paciente afastado da intenção séria de rezar.
É divertido como os mortais sempre nos retratam como seres que colocam coisas em suas mentes; na realidade nosso maior feito é manter coisas fora.

O Inimigo quer os homens ocupados com o que fazem; nosso trabalho é mantê-los pensando no que lhes acontecerá.

Faça o que fizeres, haverá alguma benevolência bem como alguma malícia, na alma de teu paciente. A questão é direcionar a malícia para seus próximos imediatos, a quem ele encontra todo dia, e lançar sua benevolência a uma circunferência remota, à gente que não conhece. A malícia assim torna-se bem concreta e a benevolência em grande medida imaginária.

Todos os extremos devem ser encorajados.
Assim que tornares o Mundo um fim, e a fé um meio, quase ganhaste teu homem, e faz muito pouca diferença que tipo de objetivo mundano ele estiver buscando. Desde que os encontros, panfletos, planos de ação, movimentos, causas e cruzadas tenham mais importância do que as orações, os sacramentos e a caridade, ele é nosso - e quanto mais 'religioso' (nestes termos) for, mais seguramente será nosso.

Nós queremos gado que pode afinal se transformar em comida; o Inimigo quer servos que podem afinal tornar-se filhos. Nós queremos engolir. Ele quer dar. Nós somos vazios e queremos ser preenchidos; Ele é pleno e transborda.
As orações oferecidas em estado de aridez são as que mais O agradam.
Se a única coisa presente é a vontade de andar, Ele fica feliz até com os tropeços.

Sei que ganhamos muitas almas pelo prazer. Mesmo assim, é invenção Dele, não nossa. Um anseio cada vez maior por um prazer cada vez menor é a fórmula.

Seu paciente deve perceber logo que sua fé está em oposição direta às suposições sobre as quais toda conversa de seus amigos está baseada. Guardará silêncio quando deveria falar, e rirá quando deveria ficar quieto. 
Todos os mortais tendem a se tornar o que estão fingindo ser.

O caminho mais seguro para o inferno é a via gradual - um suave declive, macio sob os pés, sem viradas súbitas, sem marcas de quilometragem, sem letreiros indicadores.

Graça: nuvem asfixiante que impediu teu ataque ao paciente, é um fenômeno bem conhecido. É a arma mais bárbara do Inimigo. Alguns humanos são permanentemente cercados por isto.
Quando são plenamente Dele, serão mais eles do que nunca.
Quanto mais o seu paciente sentir sem agir, a longo prazo, menos será capaz de sentir.

Todas as virtudes tornam-se menos pavorosas para nós assim que o homem tem consciência que as possui.

Os humanos vivem no tempo, mas nosso inimigo os destina à eternidade.
O Presente é o ponto no qual o tempo se encontra com a eternidade. O Futuro é, entre todas as coisas, a menos parecida com a eternidade. 

Se um homem não pode ser curado do mal de frequentar a igreja, a melhor coisa depois disso é enviá-lo por toda a vizinhança em busca de uma igreja que lhe seja "apropriada", até que ele se torne um provador de igrejas.
Se o teu paciente não pode ser mantido fora da Igreja, deveria pelo menos estar violentamente ligado a algum partido dentro dela.

O senso de posse deve sempre ser encorajado.
Mesmo no jardim de infância, uma criança pode ser ensinada a pretender dizer por "meu ursinho de pelúcia"não o velho objeto de afeição pelo qual mantém relação especial (pois isto é o que o Inimigo os ensinará se não tomarmos cuidado), mas "o ursinho que posso fazer em pedaços quando eu quiser".
O tempo todo a piada é que o termo "meu" em seu pleno sentido possessivo não pode ser pronunciado por um ser humano em relação a nada. 

Há coisas para os humanos fazerem durante todo o dia que não causam preocupação ao Inimigo: dormir, comer, lavar-se, beber, amar-se, jogar, rezar, trabalhar. Tudo tem de ser distorcido antes de ter alguma utilidade para nós.

Seu paciente agora está conhecendo mais cristãos a cada dia, e cristãos inteligentes também. Por um longo tempo será bem difícil retirar a espiritualidade de sua vida. Muito bem, então temos de corrompê-la. [...] O melhor ponto de ataque seria a fronteira entre teologia e política.
Não queremos que os homens permitam que o seu Cristianismo flua para a vida política, pois o estabelecimento de qualquer coisa parecida com uma sociedade realmente justa seria um grande desastre.

Se forem cristãos, que o sejam com uma diferença. Substitua a própria fé por alguma Moda com uma coloração cristã.

A falsa espiritualidade deve sempre ser encorajada.

É muito duro para estas criaturas, perseverar.

A prosperidade liga o homem ao mundo. Ele sente que "está encontrando o seu lugar no mundo", enquanto que a verdade é que o mundo é que está encontrando seu lugar nele.

O Inimigo, tendo curiosamente destinado estes simples animais a viver em Seu próprio mundo eterno, protegeu-os bem eficazmente do perigo de se sentirem em casa em qualquer outro lugar.

A coragem não é apenas uma das virtudes, mas a forma de toda virtude em ponto de teste.
Superstições, se não reconhecidas como tais, sempre podem ser despertadas. A questão é mantê-lo achando que tem algo - que não o Inimigo e a coragem que o Inimigo dá - em que se apoiar.

A justiça infernal é puramente realista e interessada apenas em resultados.

A coisa a evitar é o comprometimento total.

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