Quando criança, mesmo sendo
católica, estudei na Escola Adventista, aonde tive excelentes professores e um
cuidadoso ensino religioso. Era costume da escola levar os alunos à Igreja, que
fica junto da escola, e nos incentivar a participar de algumas celebrações. Eu
achava bonito o quanto todos se conheciam e pareciam se querer bem.
Mais tarde, tive a alegria de me
tornar membro do Movimento de Cursilhos de Cristandade, e a partir dele
descobrir que também entre católicos é possível ter aquele sentimento de
comunidade. A partir de então, quando participo da missa em Guarapuava, conheço
a maioria dos padres e eles também me conhecem, muitos ali presentes sabem da
minha família, nos visitam quando temos problemas, preocupam-se com as nossas
perdas, curtem as nossas alegrias, ouvem até mesmo os nossos conselhos. Quando
participo da missa em Guarapuava, estou entre amigos, estou em família.
Não abro mão deste sentimento de
comunidade por nada. Nenhuma espiritualidade cultivada na solidão supre o que a
comunidade me fornece.
Essa comunidade tem uma história incrível,
de muitos e graves erros, mas também de enormes acertos que nos trouxeram até
aqui e contribuíram para muitas das conquistas de que usufruímos até hoje não apenas
como católicos, mas como pessoas e cidadãos.
Durante o período de férias, em
que tive o privilégio de poder passar alguns dias fora da rotina, no litoral,
tive a oportunidade de participar da missa em uma igreja que não é a minha, de
todas as semanas.
Nos mesmos dias em que eu estava
lá, alguns acontecimentos agitavam a minha igreja, pedaço da minha casa, em Guarapuava.
Participar de uma celebração em
uma igreja “desconhecida” me fez refletir sobre tais acontecimentos. Foi muito
interessante celebrar com um padre cujo nome eu nem sei. Também não conhecia
qualquer dos ministros da Eucaristia. Não tenho ideia de quem eram as pessoas
cantando, proclamando as leituras e tudo o mais. Não conheço o passado daquelas
pessoas, suas profissões, se são bons vizinhos, esposos fieis ou não... Não sei
nada disso e não preciso saber.
Foi muito interessante participar
da missa e perceber que as pessoas que estão ali são simplesmente instrumentos
passageiros, como também eu sou. Perceber que por mais que eu tenha padres amigos,
a quem admiro muito e por quem tenho enorme carinho, a minha fé e a minha
participação na Igreja não dependem deles.
A cada celebração temos a
oportunidade de repetir que cremos em Deus Pai, que cremos em Jesus Cristo e
que cremos na Santa Igreja Católica.
Em nenhum momento rezamos que
cremos no bispo ou neste ou naquele padre.
Ao contrário, quando a eles nos
referimos pedimos (diretamente a Jesus já presente na Eucaristia) que, junto
com a Igreja (e assim junto conosco), cresçam sempre em caridade.
É o que pretendo continuar sempre pedindo para mim, para os
padres, religiosos e religiosas e todos os demais.
Isso não significa que eu ignore as decepções que seres
humanos podem nos causar. Isso não significa que erros não devam ser
investigados.
Fui a uma Igreja em que eu não conhecia ninguém, mas eu sou absolutamente
conhecida pelo único que lá me interessava: Cristo. Eu não o conheço
completamente, mas Ele me conhece e, ainda assim, me ama e me aceita.
É por Ele que seguimos, apesar das pessoas, apesar de nós
mesmos.