“Cuide da minha joia”
Há quem diga que o ritual do pai
levar a filha até ao altar, aonde a entrega ao genro, seria uma celebração do
machismo e de relações patriarcais, em que a mulher sairia do jugo de um homem
passando a ser propriedade de outro.
É possível que tenham pequena
medida de razão.
Mas eu aqui vejo a celebração de
anos de depósitos diários de amor, dedicação, preocupação, sono perdido,
alegria, orgulho e cuidado com tantas pequenas e grandes necessidades e
aprendizados que um filho proporciona. Aqui eu vejo as recordações da vida toda
passando enquanto se caminha pelo corredor da Igreja com a sensação de segurar
ainda a mão de uma menininha.
Ali o coração e a garganta
apertam. Ali a pergunta é: “amará como eu amo”?
O passo seguinte é o respeito à
decisão da filha, o reconhecimento à coragem do genro (coragem que um dia
também teve diante de outro grande pai e imitando o seu próprio) e ainda mais
amor, agora aos dois. É um ato de confiança em Deus e em tudo que passou a vida
sendo e ensinando: “agora é com vocês”.
Um abraço, um beijo e uma
recomendação ao novo filho: “cuide da minha joia”. Todos aplaudem porque sabem
que grande pai você é.
Com confiança e com a mesma
medida de cuidado foi que meu pai fez de mim o que eu sou. Acompanhando cada
pequeno e grande passo, sentindo as ausências, permitindo voos e me amando
incondicionalmente.
Caráter, seriedade, simpatia,
amor a Deus e disposição que deixaram e deixam marcas em mim e no meu irmão e
nos serão sempre grande inspiração.
Obrigada pai por ter sempre feito
com que eu me sentisse uma joia. Obrigada por ser generoso com sua joia.
Muito obrigada por ser tão pai,
pai!