Trabalhando aqui, mas a cabeça já foi pra lá.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
CRIMINOLOGIA - Meios Institucionais e Objetivos Culturais (ou: "não ouçam sertanejo aluninhos")
Dentro
do processo de deslegitimação da Ideologia da Defesa Social, é possível
confrontar o Princípio do Bem e do Mal com a Teoria Estrutural Funcionalista e
da Anomia.
O
princípio afirma que a sociedade seria perfeitamente
dividida entre bem e mal, enquanto a teoria vem demonstrar que mesmo o bem tem
o mal em sua estrutura e que o mal (criminalidade), cumpriria alguma função
necessária à sociedade, sendo parte de sua estrutura.
O
desvio é produto da estrutura social, tanto quanto o comportamento adequado às
normas. Merton transforma a teoria da anomia de Durkheim em teoria da
criminalidade, fala da contradição entre estrutura social e cultura, esta
propõe metas e comportamentos para alcançar tais metas. A estrutura social dá
ou não acesso a estas metas. Esta desproporção está na origem dos crimes.
Observa-se
que algumas metas que indicariam o sucesso são sugeridas pela cultura à toda a
sociedade, notadamente pelos meios de comunicação social. Sugere-se que o
indivíduo bem sucedido seria aquele que já alcançou, por exemplo: conforto
financeiro, beleza e bem estar físico, aperfeiçoamento intelectual e fama,
status ou reconhecimento.
Para atingir
as referidas metas ou objetivos culturais existem os chamados meios
institucionais, ou seja, as maneiras julgadas adequadas para se chegar até os
objetivos. Assim, para enriquecer o meio institucional seria o trabalho,
herança ou sorte; para o bem-estar físico e um ideal estético, o meio seria ter
hábitos saudáveis, exercitar-se, alimentar-se bem, etc; para o progresso
intelectual o meio é o estudo e para a fama o caminho seria o talento.
Ocorre
que nem todas as pessoas encontram-se à mesma distância de tais metas, e algum
momento da vida percebem que, lançando mão dos meios institucionais talvez
jamais atinjam as metas culturais. Cada indivíduo então responde de uma forma a esta
percepção.
Robert
Merton propõe 5 formas de adequação à tal distância:
a)
Conformidade:
possibilita a sociedade, aceita meios e fins. O indivíduo dedica-se aos meios
institucionais para, por meio deles, atingir as metas culturais.
b)
Inovação:
adere aos fins sem respeito aos meios. Comportamento criminoso, extratos
sociais inferiores estão mais expostos. Condutas que configuram verdadeiros
atalhos entre os meios institucionais e os fins culturais.
c)
Ritualismo:
respeito formal aos meios, sem perseguir os fins. Basta o ritual, basta a
aparência de perquirir os mesmos objetivos do restante da sociedade.
d)
Apatia/Evasão/Retração:
nega fins e meios. Procura uma vida alternativa, retirando-se da sociedade e
seus modelos.
e) Rebelião:
propõe novos fins e novos meios. Não apenas nega mas afirma outros. Deseja uma
nova sociedade para si e para os demais.
MODO DE ADAPTAÇÃO
|
OBJETIVOS
CULTURAIS
|
MEIOS
INSTITUCIONAIS
|
I. Conformidade
|
+
|
+
|
II. Inovação
|
+
|
_
|
III. Ritualismo
|
_
|
+
|
IV. Evasão
|
_
|
_
|
V. Rebelião
|
+/_
|
+/_
|
O
raciocínio acima exposto pode conduzir a errônea conclusão de que aquele que
opta pelo comportamento conformista seria ingênuo por acreditar que
dedicando-se aos meios institucionais chegaria aos fins culturais. Certamente nem
sempre aquele que faz tal opção será plenamente bem sucedido, mas quando o é, o
sucesso é estável, concreto.
Por outro
lado, quem adota o comportamento inovador obtém sucesso transitório, efêmero,
frágil.
No
comportamento inovador encaixamos o comportamento criminoso. Os que obtém o
enriquecimento sem causa, oriundo do crime, precisarão muitas vezes continuar na carreira
delitiva para ocultar os resultados de um primeiro crime, não lhes
sendo possível gozar do sucesso com a mesma tranquilidade que faz o
conformista.
Tome-se
também o exemplo daqueles que procuram a fama fácil ingressando em reality shows ou que são mero produto da
indústria de uma época, tais como cantores de “arrocha” ou “sertanejo
universitário” que, para se fazer conhecer, precisam indicar os próprios nomes
nas letras das suas músicas, quando artistas realmente talentosos serão
lembrados décadas após o final de suas carreiras ou seu falecimento (como são exemplos os que aparecem na figura acima).
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
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