quarta-feira, 15 de junho de 2011

Sem vocação (e nem paciência) para Garota Enxaqueca

“Se você quer brigar e acha que com isso estou sofrendo
Se enganou meu bem [...]
O meu coração é do tamanho de um trem.” (1)




Nunca entendi essa coisa de “ficar de mal”. Nunca fez sentido.
Minha mãe conta que desde criança eu não era do tipo de ficar emburrada. Levava um sermão, chorava, ia para o quarto brava, e meia hora depois estava pedindo desculpas, esquecendo a briga.
Prefiro me desculpar mesmo quando eu sei que estou certa. Penso que vale bem mais ser feliz do que ter razão e não vejo a possibilidade de ser feliz tendo alguém chateado comigo.
Não há nada mais libertador do que pedir perdão, até mesmo quando o perdão seja negado.
Acho até gostoso poder dizer de vez em quando: “a culpa é minha”. Parece que isso nos dá um certo poder sobre a própria vida. Se a culpa é do outro, eu condiciono o meu bem estar a alguma reparação que o outro me deve, e isso nem sempre vai acontecer. A forma como eu me sinto tem que depender só de mim, de mais ninguém.
O Pe. João Mohana, no maravilhoso livro “O mundo e eu” (1), fala que uma briga evitada é como se alguém tentasse te atirar lama e você desviasse. O único que sobra com as mãos sujas é o outro, não você.
Experimentei recentemente uma situação assim, nada de muito grave, quase uma besteira. Exercitei a arte de deixar a pessoa ficar brava e dar um tempo para então tentar resolver (sim, porque tentar argumentar com alguém de cabeça quente é verdadeira idiotice). Quando tive a oportunidade, procurei a pessoa, disse que sentia muito e que gostaria que quando ela estivesse chateada comigo, se dirigisse diretamente a mim. Não fui muito bem recebida. Porém, passado um tempo, eu é que fui procurada com um pedido de perdão e um abraço. Abraço que nos libertou uma da outra.
Pessoas que cultivam mágoas antigas, que remoem velhas discussões ficam presas ao seus contendores. É realmente interessante, pessoas brigadas ficam sempre esperando umas pelas outras, ou seja, voluntariamente prendem-se umas as outras. Ui! Deus me livre, ou melhor, Ele realmente me livra de ser assim.
Aprendi cedo que ficar brigado com alguém é a maior perda de tempo possível. O conflito não faz com que nosso opositor seja vaporizado, ou seja, vamos ter que continuar convivendo, e, assim, mais cedo ou mais tarde a briga vai acabar. Então por que não mais cedo?
É claro que com isso não quero dizer que se deve passar a vida inteira engolindo sapos.
Há momentos em que as coisas devem ser ditas, precisam ficar claras.
Há incômodos que não podem ser ignorados, sob pena de prejudicar até a nossa saúde.
Mas tudo pode ser falado com jeito, diretamente com os implicados, afinal, como eu sempre repito, na maior parte do tempo as pessoas só estão vivendo a própria vida, não estão querendo nos prejudicar.
O que sempre pode piorar a situação é tratar do assunto com pessoas que não sejam as principais interessadas. Falatório é realmente jogar lenha na fogueira e pode transformar um pequeno mal entendido em uma enorme confusão.
É isso. A vida é tão simples, para que complicar?
Não tenho vocação para garota enxaqueca!


(1)    Do tipo que cabe uma penteadeira! rs
(2)    MOHANA, João. O mundo e eu. 8 ed. Agir, 1989.





Um comentário:

  1. Paty, curti teu texto. Achei o máximo a frase do Pe. João Mohana... Ainda não respondi sobre o encontro da turma, mas to dentro! Bj. Valeria Ruiz

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